terça-feira, 11 de junho de 2013

Vão se os lustres, fica a história?

No último domingo a Igreja Matriz foi furtada. Sim, lustres do século XVII que ornamentavam o prédio foram surrupiados. Questiono-me como conseguiram retirá-los do interior do prédio, sem que ninguém percebesse ou suspeitasse. Mas o que me deixa mais perplexo é o desrespeito com o patrimônio histórico-cultural da cidade. O caso dos lustres ilustra – com o perdão do trocadilho – a falta de planejamento na preservação da memória da cidade de Taquari. Ausência essa que já ceifou o prédio do Império; descaracterizou o conjunto arquitetônico da cidade; fez, e faz, com que a população não conheça sua história; e essas são apenas as situações mais gritantes. Ricouer afirma que “o dever de memória não se limita a guardar o rastro material, escrito ou outro, dos fatos acabados, mas entretém o sentimento de dever a outros, dos quais diremos mais adiante que não são mais, mas já foram.” Pergunto: Estamos preservando esse patrimônio imaterial? Vou além: Como Taquari relaciona-se com o seu passado? Infelizmente, ainda é tímido o movimento de conservação do patrimônio material e imaterial do município. Há ensaios de desenvolver um turismo voltado a herança açoriana da cidade. Mas antes disto é preciso ter um plano de preservação e saber a que herança estamos nos referindo, pois sem isso não há como evoluir num debate sério sobre o patrimônio histórico-cultural. Vão se os lustres e fica a história? Não. Está na hora de olharmos o nosso passado e estudá-lo de forma sistematizada e propor mecanismos de preservação para que crimes como esse, e outros tantos, não voltem a acontecer contra o espolio histórico taquariense.

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