domingo, 30 de junho de 2013

Instantâneas

Conheço um senhor para quem o essencial na vida se resume a um rádio de pilhas. Precisa acompanhar os noticiários para controlar as transmissões extraterrestres que falam a seu respeito. Isso é tudo o que quer da vida, não cobiça carro, apartamento de cobertura, TV com HD, Apple, Nike. Apreciaria ter com quem conversar sobre suas preocupações, isso basta. Há aqueles cujos objetos preciosos cabem num saquinho de plástico que carregam sempre consigo. Dentro tem papéis rasgados, recortes de jornal, panos sujos, tiras, cadarços, alguma comida, pedaços de objetos. Cada uma dessas posses possui significado para seu dono, mas também pode ser descartada a qualquer momento. É gente sem nenhum apego. Outrora ditos loucos de rua, hoje são considerados “portadores de sofrimento psíquico”. São também denominados de psicóticos e outras classificações científicas para os encarregados de sua saúde mental. Indiferentes à nomenclatura, andam por aí envoltos em sua nuvem. Gesticulam nas calçadas, discursam para seus fantasmas, o olhar nublado raramente pousa nos passantes. Sabem parecer zumbis: andando no meio dos carros sem notar o perigo. Seguido estão bêbados, o álcool lhes adormece o delírio, a fome, as dores. Sempre queremos tantas coisas, temos desejos sempre maiores do que as posses, por isso não há nada mais incompreensível do que esses franciscanos sem fé. Até o trombadinha, o ladrão, parecem mais naturais do que o maluco indigente: com esses ao menos partilhamos os objetos de cobiça. Já o mendigo enlouquecido rouba-nos as certezas, indiferente ao que consideramos essencial. Ele é uma charada que nos assalta, uma provocação involuntária. As vezes bate um desânimo, um cansaço de lutar tanto, até as vitórias ficam sem sentido. Não é raro, entre os ditos normais, que se fantasie com desistir de tudo, com uma vida minimalista. Temerosos dessa vacilação, exilamos os que nada têm, nada querem, nada guardam. Eles, fazendo parecer opcionais os caminhos que acreditávamos ser naturais, nos despertam angústia. De que (não) necessita gente que veraneia na calçada? Que trama encenam suas vozes, as imagens do seu delírio? O que dizem esses que falam estranho na nossa língua? Pensamentos e atitudes inusuais estremecem o que consideramos óbvio. Toda diferença traz novos paradigmas: cegos ensinam a escutar, deficientes auditivos tornam os gestos mais eloqüentes. Loucos indigentes questionam nossa necessidade de acumular cacarecos. O encontro com diferentes formas de perceber e compreender é como viajar, sem avião, sem drogas. Recomendo. Publicado no Jornal O Taquaryense, dia 29 de junho de 2013.

Instantânea

Com quantos vinte centavos se faz uma mudança? Os protestos que ocupam o país começaram pelo preço da tarifa do transporte público. Mas hoje já são maiores que isso. “Não é apenas por vinte centavos. É por liberdade”, retratam os cartazes espalhados por essas terras tupiniquins. Vinte centavos tornaram-se ao mesmo tempo estopim e símbolo de um movimento tão grávido de possibilidades que foi reprimido a balas de borracha, a bombas de gás lacrimogêneo e também a golpes de caneta. O que começou com o aumento da passagem do ônibus, se alargou, se metamorfoseou e virou um grito coletivo que tomou as principais cidades do país e ecoou pelo mundo. Agora com o povo na rua e governos abrindo um diálogo com manifestante resta saber qual o rumo a seguir. Umas das grandes preocupações é que esse movimento não vire massa de manobra de oportunistas de plantão (mídia, grupos políticos e afins). Por isso nesse momento é importante manter os pés nos chãos e discutir uma plataforma, SÉRIA, de reivindicações. Os vinte centavos se alargam, sua teia de significados ganha dimensões cada vez maiores, superando qualquer fronteira física ou virtual. A violência da polícia, nos primeiros protestos, motivou a reação de outras camadas da população e de outras faixas etárias, levando novas adesões ao movimento. O que se vê agora é a soma daqueles que dizem ser preciso lutar pela democracia e pela liberdade de protestar. Vinte centavos talvez sejam o tanto de morte que uma vida humana já não pode suportar. Em Porto Alegre, mas também em São Paulo, no Rio, em Brasília, em várias cidades e capitais, inclusive em Taquari. Assim como em outras partes do mundo – antes, agora, possivelmente depois –, em cada uma delas com contextos, peculiaridades e rostos próprios, mas com algo em comum que é possível reconhecer. Algo que revela de um mundo que apodrece, de um modo de vida que já não dá conta da vida. Publicado no Jornal O Taquaryense, dia 23 de junho de 2013.

Instantâneas

Instantâneas Lendo a notícia sobre um show onde o Renato Russo fará uma participação em holograma, o músico morreu em 1996, senti-me meio cumplice de Victor Frankenstein. Essa é a sensação de imaginar um show de um ídolo da adolescência, depois de quase duas décadas de sua morte. Imagino eles com todos os seus movimentos e caras, um Renato artificial. O músico voltará à vida graças a computação gráfica e o trabalho de uma empresa especializada na área. Pergunto-me quais músicas ele irá cantar, ou se fará duetos com outros cantores (torço para que isso não aconteça).O show acontecerá 29 de junho no novo estádio Mané Garrincha, em Brasília. Com diversos artistas homenageando o vocalista da banda Legião Urbana. Não é a primeira vez que um morto é ressuscitado para promover ou vender alguma coisa – pois a “presença” do Renato só pretende alavancar as vendas de ingressos. Fred Astaire já dançou com vassouras e aspiradores de pó quando estava a sete palmos. Mussum, dos Trapalhões, esteve de volta num comercial de carro: “Cacildis! É o Fusquis!”. Em 2007, o apresentador e comediante da TV britânica Bob Monkhouse apareceu ao lado do que seria seu próprio túmulo (de fato ele havia sido cremado), numa campanha de prevenção ao câncer de próstata, doença que o matara anos antes. O Bob ressuscitado ao lado do túmulo do Bob ainda morto diz: “O que me matou mata um homem por hora na Inglaterra. Mais do que a comida da minha mulher”. A criatura de Victor Frankenstein, o cientista do século 19 que recriou a vida no clássico livro de Mary Shelley, é quem persiste no meu imaginário. Diferentemente do monstro, nascido dos pedaços de vários mortos, a Renato da computação gráfica será quase tão perfeito quanto a minha lembrança dele. E o admiro pelo que foi, não pelo que será. Mas como no olhar de Frankenstein para a sua criatura, talvez também nesse caso exista um horror para além do encantamento de vê-lo mais uma vez. Pode ser apenas meu temor atávico, que a literatura e depois o cinema tão bem expressaram, o risco extremo de “mexer com os mortos”, que tenha me feito sentir, como tantos, que estava profanando o corpo do Renato Russo. Um temor do qual estamos impregnados também porque a ficção o tornou real e terrorífico de várias maneiras nos últimos séculos. Mas mais do que um dilema da moral religiosa, que me interessa bem menos, a questão ética é legítima e das mais interessantes. Temos esse direito? A quem pertencem os mortos? Será que o Renato pensaria em fazer um show póstumo? Desejaria? Pode ser que sim, pode ser que não, o ponto é que nunca saberemos. E, se não podemos saber, temos o direito de escolher por ele? Essas modernidades me chocam um pouco. Isso é tudo. Publicado no Jornal O Taquaryense

terça-feira, 25 de junho de 2013

Para onde se movimenta o Movimento?

Essa reflexão é de alguém que vem participando das manifestações em Porto Alegre, que começaram contra o aumento das tarifas de transportes públicos, e, hoje, tem reivindicações variadas. Além da disputa pela “paternidade” do movimento por setores, digamos, distintos da política brasileira. Se por um lado, a multipluralidade de pautas e a ausência de uma liderança nos movimentos representa a possibilidade de uma relação horizontal entre os sujeitos; por outro, a falta de direcionamentos aponta para o risco de causas conservadoras se tornarem as principais do movimento agora sem nome. Algo que me preocupa em relação ao movimento é o nacionalismo, um pouco exacerbado, proposto por boa parte dos manifestantes. Ideias ufanistas nunca terminaram bem em terras tupiniquins, historicamente falando. Particularmente, concordo com um comentário visto na internet que o “hino é um instrumento que forja uma falsa unidade nacional”. É válido lembrar que ter o povo na rua nem sempre é sinal de mudança popular. Em 1964, a elite conservadora tremeu com a “ameaça comunista” (ainda com Jango no poder), que representava, na verdade, uma “ameaça” à propriedade privada e foram às ruas, em meio milhão de pessoas, com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Dias depois, instaurada a Ditadura Militar, um milhão de pessoas marcaram presença na Marcha da Vitória, comemorando o início de duas das piores décadas que já vivemos. Outra coisa que me assusta é a tentativa de incorporar o movimento por parte da mídia, tradicionalmente de direita. E a tentativa de apropriação disto por parte do seu staff, além de promover, ou tentar, um ponte entre os “Caras Pintadas” de 1992 com a manifestação atual. Outra ponta está no artigo da Glória Kalil – “Moda para protesto, roupas de guerra”- (what?!), isso demonstra um esforça da mídia em assumir o papel de liderança dos protestos, e nunca esquecendo que são empresas privadas nas mãos das mesmas famílias que apoiaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, em 1964. Afirmo, minha satisfação em participar e viver tudo isso, mas tenho os pés no chão para não defender um discurso uníssono no qual o senso comum pode se misturar com o que deveria ser um discurso crítico e de esquerda. A preocupação está com o rumo que esse levante popular pode tomar e com a associação dele a um discurso midiático vazio.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Menos paixão, mais sintonia

Quantos anos dura uma relação nos dias de hoje? As pessoas e apaixonam e desapaixonam em uma velocidade incrível. Amores eternos não duram mais que uma semana. O povo deve estar inspirado no Soneto da Fidelidade-“Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure”- ou não? Em tempo de redes sociais, onde ficamos a mercê de um aplicativo criado por um nerd, um maníaco por computadores, um “autista” social, leia-se facebook e Mark Zuckerberg. Neste “País das Maravilhas”, criamos personagens perfeitos e queremos pessoas e relacionamentos idem. Mas a vida não é a tela de computador, as pessoas são mais que isso. Temos defeitos e qualidades e o equilibro disto nos faz humanos, as vezes demasiadamente. E nesse mundo de fantasia, onde tudo é perfeito, a superficialidade impera e as coisas desabam. Falta sintonia, não há uma preocupação em conhecer o outro ou se conhecer. É preciso postar fotos, declarações e mostrar a sua mais nova paixão. Vivemos numa sociedade individualista, em contato com muita gente, mas com poucos deles temos laços significativos. Sabemos e temos informações sobre nossa família, que é cada vez menor, e de alguns amigos eleitos. Frequentamos muitas pessoas, mas de poucas retemos informações como o nome, filiação e um trecho de sua vida. E assim, vamos vivendo no nosso casulo. Já não gastamos muita energia arquivando nomes de pessoas aleatórias, suas qualidades, seus defeitos, sua história. Num passado não tão distante isso era o avesso. As sociedades tradicionais tinham a vida social em grande conta e as informações sobre os indivíduos que delas faziam parte eram cruciais. A rede social, em sua maioria, nos aponta o esgotamento, a pobreza e a insuficiência das formas de estarmos (ou não estarmos) uns com os outros. Isso é um reflexo do individualismo no qual vivemos. A rapidez dos diálogos e fragilidade da imagem mutante que expomos uns aos outros, deixando-nos influenciar pelos pares e figuras de referência, refletindo indivíduos em processo de transformação, permeável aos desafios sociais, demonstra isso. Então, menos paixão, mais sintonia. Menos exposição, mais conteúdo. E use as redes sociais com moderação.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Vão se os lustres, fica a história?

No último domingo a Igreja Matriz foi furtada. Sim, lustres do século XVII que ornamentavam o prédio foram surrupiados. Questiono-me como conseguiram retirá-los do interior do prédio, sem que ninguém percebesse ou suspeitasse. Mas o que me deixa mais perplexo é o desrespeito com o patrimônio histórico-cultural da cidade. O caso dos lustres ilustra – com o perdão do trocadilho – a falta de planejamento na preservação da memória da cidade de Taquari. Ausência essa que já ceifou o prédio do Império; descaracterizou o conjunto arquitetônico da cidade; fez, e faz, com que a população não conheça sua história; e essas são apenas as situações mais gritantes. Ricouer afirma que “o dever de memória não se limita a guardar o rastro material, escrito ou outro, dos fatos acabados, mas entretém o sentimento de dever a outros, dos quais diremos mais adiante que não são mais, mas já foram.” Pergunto: Estamos preservando esse patrimônio imaterial? Vou além: Como Taquari relaciona-se com o seu passado? Infelizmente, ainda é tímido o movimento de conservação do patrimônio material e imaterial do município. Há ensaios de desenvolver um turismo voltado a herança açoriana da cidade. Mas antes disto é preciso ter um plano de preservação e saber a que herança estamos nos referindo, pois sem isso não há como evoluir num debate sério sobre o patrimônio histórico-cultural. Vão se os lustres e fica a história? Não. Está na hora de olharmos o nosso passado e estudá-lo de forma sistematizada e propor mecanismos de preservação para que crimes como esse, e outros tantos, não voltem a acontecer contra o espolio histórico taquariense.

Instantânea

Lendo a notícia sobre um show onde o Renato Russo fará uma participação em holograma, o músico morreu em 1996, senti-me meio cúmplice de Victor Frankenstein. Essa é a sensação de imaginar um show de um ídolo da adolescência, depois de quase duas décadas de sua morte. Imagino eles com todos os seus movimentos e caras, um Renato artificial. O músico voltará à vida graças a computação gráfica e o trabalho de uma empresa especializada na área. Pergunto-me quais músicas ele irá cantar, ou se fará duetos com outros cantores (torço para que isso não aconteça).O show acontecerá 29 de junho no novo estádio Mané Garrincha, em Brasília. Com diversos artistas homenageando o vocalista da banda Legião Urbana. Não é a primeira vez que um morto é ressuscitado para promover ou vender alguma coisa – pois a “presença” do Renato só pretende alavancar as vendas de ingressos. Fred Astaire já dançou com vassouras e aspiradores de pó quando estava a sete palmos. Mussum, dos Trapalhões, esteve de volta num comercial de carro: “Cacildis! É o Fusquis!”. Em 2007, o apresentador e comediante da TV britânica Bob Monkhouse apareceu ao lado do que seria seu próprio túmulo (de fato ele havia sido cremado), numa campanha de prevenção ao câncer de próstata, doença que o matara anos antes. O Bob ressuscitado ao lado do túmulo do Bob ainda morto diz: “O que me matou mata um homem por hora na Inglaterra. Mais do que a comida da minha mulher”. A criatura de Victor Frankenstein, o cientista do século 19 que recriou a vida no clássico livro de Mary Shelley, é quem persiste no meu imaginário. Diferentemente do monstro, nascido dos pedaços de vários mortos, a Renato da computação gráfica será quase tão perfeito quanto a minha lembrança dele. E o admiro pelo que foi, não pelo que será. Mas como no olhar de Frankenstein para a sua criatura, talvez também nesse caso exista um horror para além do encantamento de vê-lo mais uma vez. Pode ser apenas meu temor atávico, que a literatura e depois o cinema tão bem expressaram, o risco extremo de “mexer com os mortos”, que tenha me feito sentir, como tantos, que estava profanando o corpo do Renato Russo. Um temor do qual estamos impregnados também porque a ficção o tornou real e terrorífico de várias maneiras nos últimos séculos. Mas mais do que um dilema da moral religiosa, que me interessa bem menos, a questão ética é legítima e das mais interessantes. Temos esse direito? A quem pertencem os mortos? Será que o Renato pensaria em fazer um show póstumo? Desejaria? Pode ser que sim, pode ser que não, o ponto é que nunca saberemos. E, se não podemos saber, temos o direito de escolher por ele? Essas modernidades me chocam um pouco. Isso é tudo.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Instantâneas

Essa semana eu recebi a notícia da volta de um grande amigo ao estado. Isso me deixou contente, mas me fez pensar no valor da amizade nos dias de hoje. Numa época de imediatismos e relações superficiais, onde a imagem é mais importante ao invés da essência, cultivar uma amizade verdadeira é como ter oásis em um deserto. Já tive muitas decepções na vida e já decepcionei na mesma proporção, sou humano. Nessas lições, dolorosas ou não, aprendi a ser reservado e por isso em muitos casos sou tratado como arrogante, tudo bem, admito certa empáfia de origem familiar. Mas o importante destas vivências é que guardo poucos e bons amigos e isso me basta. E amizade é feita de silêncios, não precisa ser declarada aos quatro cantos. Ela existe, e isso supera o resto, sem maiores explicações. Voltando ao meu amigo, diga-se de passagem, um dos meus melhores. Ele retorna ao estado em um ato de coragem. Coragem em ir atrás de seus sonhos e abdicar de uma carreira que não era sua vocação. Em meio a crise, ou tempestade, a internet foi nosso vínculo de apoio. Admiro o desprendimento dele, em ousar ter essa liberdade. Sartre (ou Camus) já falava nos botecos de Paris: A liberdade é um peso e exige responsabilidade. Assim que meu amigo chegar, quero abraçá-lo e apenas dizer: Sê bem-vindo e feliz, o resto é besteira. Amizade é isso, desapego, doação e apoio. Já diria o poeta: “Amizade é um amor que amadureceu.” *Publicado no Jornal O Taquaryense.

Brechós e Afins

Desde pequeno tenho uma obsessão pelo passado. Fotos e moveis antigos me atraem, com o tempo apurei isso e me tornei num rato de brechó. Sim, perco horas nesses espaços. Olhando objetos, imaginando a história, de quem eram e, lógico, comprando. Sábado passado, para minha alegria, ocorreu o brechó da Casa Maria Eunice. Roupas,objetos, LPs e CDs, tudo a preço convidativos. Creio que fiquei uns quarenta minutos revirando cestas e araras. Saí de lá com três discos. Um amigo comprou duas malas. Ou seja, há muita coisa interessante nessas feiras, é só uma questão de garimpar. Quiçá esses eventos ocorressem todas as semanas. Eu seria um frequentador assíduo. Brechós não são lugares para comprar roupa usada e puída. Há muito mais. Existe todo um universo de história e oportunidade. Tu podes encontrar um sapato por R$ 5,00 um vinil do Ney Matogrosso por R$ 2,00. Brechó é cultura. É a possibilidade de viajar sem sair do lugar. Sempre que houver uma feira dessas, disponibilize um pouco do teu tempo a ela. Circule entre os objetos, mexa nos balaios e deixe a nostalgia tomar conta de ti. O mundo precisa de mais brechós. *Publicado no Jornal O Açoriano, 31/05/2013.